Reportagem destacou as medidas do banco para mitigar os efeitos da crise e como o banco pode tornar rentáveis os milhões de novos clientes
O serviço prestado pela CAIXA durante a crise do novo coronavírus foi retratado numa reportagem da Revista EXAME. Entre as medidas, o material destacou a inclusão bancária de 23 milhões de brasileiros, o repasse de R$ 121,1 bilhões para 65,2 de brasileiros beneficiados pelo auxílio emergencial e os recursos disponibilizados para os micro e pequenos empresários.
A reportagem mostra, ainda, que além de contribuir para mitigar os efeitos da crise no Brasil, a CAIXA pode lucrar e crescer após esse período, pois, boa parte dos brasileiros pode acabar se tornando cliente cativo do banco, numa onda de inclusão maciça no sistema bancário que pode injetar 400 bilhões de reais por ano na economia do país, segundo um estudo da fintech alt.bank.
Tecnologia
O banco público busca tornar financeiramente vantajosos os 59 milhões de novas contas digitais gratuitas por meio das quais os brasileiros estão recebendo os benefícios liberados em meio à crise. Para isso, vai ofertar aos novos clientes microsseguros, a partir de 5 reais, e cartão de crédito digital.
Além disso, a estatal tem promovido melhorias tecnológicas no site e nos aplicativos da instituição de forma que isso não traga maior consumo de dados, já que 80% dos usuários utilizam plano de internet pré-pago. Essa possibilidade de tornar rentáveis os milhões de novos clientes deve fazer com que o banco saia da pandemia na dianteira em vários aspectos em relação a seus concorrentes.
Para o presidente do Instituto Locomotiva, a CAIXA pode tornar perene o uso dos aplicativos, mesmo após o fim dos repasses governamentais, se fizer parcerias com varejistas, oferecendo descontos aos clientes. “No momento que é mais vantajoso pagar pela conta digital do que em dinheiro vivo, inverte-se a lógica de pagamento, pendendo para a digitalização das classes mais baixas”, diz.
O trabalho dos empregados para garantir o pagamento dos benefícios
De acordo com o Instituto Locomotiva, um terço das famílias perdeu toda a renda devido ao novo coronavírus e 39% contam atualmente com menos da metade da renda anterior à pandemia. O vendedor de carros usados Alvaro Antonio de Oliveira, de 47 anos, demitido depois do fechamento da loja em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista, é um exemplo.
Segundo a reportagem da Revista EXAME, ele não tinha carteira assinada e recebia apenas uma ajuda de custo da loja. A maior parte de seus ganhos vinha da comissão das vendas dos automóveis. Com a mulher desempregada, Oliveira viu como saída solicitar o auxílio emergencial, utilizado para pagar as principais contas da casa, como água, energia elétrica e supermercado. Ele conseguiu ainda a postergação da parcela do financiamento imobiliário na CAIXA.
Para garantir que milhões de brasileiros como Oliveira recebam o recurso emergencial, os empregados da CAIXA enfrentam uma rotina bem diferente, com as agências abrindo mais cedo e a orientação de que todas as pessoas sejam atendidas no mesmo dia.
Conforme explica a reportagem, parte do excesso de trabalho se dá pela quantidade de dúvidas relacionadas ao pagamento do benefício, mas também por causa da equipe reduzida. Nos últimos anos, o banco cortou 20% do quadro de funcionários e as vagas não foram repostas.
Uma pesquisa realizada antes da pandemia pela Universidade de Brasília (UnB) apontou que 53,6% dos empregados do banco já viveram pelo menos um episódio de assédio moral, enquanto cerca de 20% dos entrevistados afirmaram ter depressão ou ansiedade. E, com a pandemia, quem está no front do atendimento enfrenta um medo novo: a Covid-19. “Eu não passo um minuto sem pensar se estou sendo contaminado ou se estou contaminando alguém”, disse um bancário que pediu para não ser identificado.
Desde o início da pandemia, os funcionários da Caixa utilizam equipamentos de proteção (máscara e álcool em gel) e respeitam as regras de distanciamento nas agências. Mesmo com medo dos casos de contaminação, o sentimento é de orgulho.
“Aquele dinheiro é a salvação de muitas famílias. Saber que você acaba ajudando de alguma maneira é gratificante”, afirma o colaborador.