Em entrevista ao JOTA, o presidente do banco disse que a nova percepção surgiu com a responsabilidade de enfrentar a pandemia de Covid-19
O presidente da CAIXA, Pedro Guimarães, afirmou que a pandemia mudou a percepção dele com relação a importância social do banco. Em entrevista concedida ao JOTA, nesta terça-feira (3), o CEO da estatal explicou que a responsabilidade de enfrentar a crise causada pelo novo coronavírus e o pagamento do auxílio emergencial contribuíram para o novo ponto de vista.
“Percebemos o que o auxílio emergencial ajudou as pessoas e, segundo, o quão distante elas estão se não houver uma ajuda governamental. A CAIXA está presente em todos os municípios do Brasil, com exceção de seis. Não tem nenhum órgão governamental com essa capilaridade”, disse.
Outro ponto destacado por Guimarães é o fato de o banco público ter direcionado crédito aos microempresários, que são o novo foco da estatal. Segundo ele, antes de entrar na gestão, a CAIXA tinha empréstimos de R$ 25 bilhões com duas empresas. Hoje, o mesmo montante atende cerca de 200 mil empresários.
“Essa é uma mudança muito importante: dessas 200 mil empresas, 70% não eram clientes da Caixa. Então, quando falo que a Caixa hoje é o banco da ‘padaria do Seu Joaquim’, ela é, de fato”, disse, acrescentando que ofertar mais microcrédito é um dos principais objetivos para os próximos meses — impulsionado também pela transformação digital em curso atualmente no banco.
Na entrevista, o presidente do banco também falou sobre as inovações tecnológicas para garantir a atuação da empresa durante a pandemia, como a criação do banco digital.
Conforme aponta o JOTA, nos últimos meses, foram pagos via conta digital benefícios sociais a 90 milhões de pessoas. Desde o início da pandemia foram abertas contas digitais para 33 milhões de brasileiros que não tinham registro em nenhuma outra instituição financeira.
“Existe hoje uma necessidade pela eficiência digital. Na minha opinião, o PIX é transformacional, mas vai ser implementado em etapas. Quando viajamos para um lixão no Sul da Bahia vimos realidades totalmente diferentes. Nós vivemos mundo diferentes”, disse Guimarães.
Venda de ativos
Mesmo com a nova percepção sobre o papel social do banco, Guimarães mantém os planos para abertura de capital (IPO na sigla em inglês) de subsidiárias.
Um dos negócios com o processo de venda mais avançado é o da Caixa Seguridade. A conjuntura do mercado motivou a suspensão das negociações, mas Guimarães afirma que o plano deve seguir assim que o cenário for favorável.
“Objetivamente, há demanda, mas nós não vamos vender se não houver tranquilidade no mercado. Participei de 50 aberturas de capital, o que não pode ter é volatilidade. Pode até ter mercado com um preço menor, mas não pode a Bolsa de Valores subindo 2% um dia e caindo 2% no outro”, explicou.
Após passar a eleição nos EUA, a possível segunda onda da Covid-19 e as discussões internas, o projeto voltará a ser colocado em prática, revelou. “Não posso oficializar ainda por causa de discussões que ainda são necessárias, mas seria natural nós voltarmos a partir da próxima janela do ano que vem”.
Clique aqui e confira a íntegra da entrevista do JOTA