Uma doença e uma viagem foram responsáveis por trazer à tona a paixão de advogados da CAIXA pelo ciclismo
Muito mais que rotinas de trabalho, processos e causas na justiça, os advogados da CAIXA têm histórias de vida instigantes, que impulsionam e inspiram algo novo a quem as conhece. Pensando nisso, a Associação Nacional dos Advogados da Caixa Econômica Federal (Advocef) inicia uma série de reportagens inspiradoras sobre os associados.
A primeira delas fala sobre a relação de dois colegas do Jurídico de Florianópolis (Jurir-FL) com o ciclismo. Movidos pelo amor ao pedal, os advogados Flávio Henrique Brandão Delgado, 60 anos, e Joyce Helena de Oliveira Scolari, 47 anos, compartilham um pouco da relação com a modalidade esportiva.
Superação
Desde 2008, quando foi diagnosticado com diabetes e teve problemas de hipertensão, a vida de Flavio Henrique Brandão Delgado sofreu uma reviravolta.
O corpo exigia uma mudança de hábitos, que precisava ir muito além da alimentação regrada. Foi então que ele decidiu começar a ir de bicicleta para o trabalho.
“Como o prédio aqui tem toda a infraestrutura, com vestiário e chuveiro, fui me entusiasmando e passei a fazer isso regularmente”, conta. Mas, antes que a atividade se tornasse parte da rotina do lagunense foi necessário um período de adaptação e muito esforço.
Brandão conta que pedala cerca de oito quilômetros por dia somando ida e volta no trajeto de casa para o trabalho. Mesmo sendo relativamente próximo, o caminho ainda exige que ele se arrisque entre os carros.
Conforme apontado no mapa de ciclovias do site Mob Floripa, apesar da estrutura cicloviária da Grande Florianópolis ser composta por ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, as estruturas não chegam a formar vias interligadas, o que dificulta a vida de quem usa o meio de transporte.
Porém, a falta de infraestrutura não desanimou Brandão. Graças a determinação, atualmente a diabetes está controlada.
Cada vez mais motivado e feliz com os resultados, o advogado quis ir além e se desafiou a participar do circuito Audax Floripa. O brevet escolhido por ele foi uma prova de superação individual determina que o ciclista deve percorrer um trajeto de 200 quilômetros no tempo máximo de 13h30.
“Eu tentei umas duas três vezes até que consegui fazer isso. Foi muito gratificante, porque, para quem era sedentário, conseguir participar de um circuito desses é um grande avanço”, comemora orgulhoso.
O que começou por causa de um problema de saúde se tornou um grande amor na vida de Flavio. A atividade ensinou uma importante lição que ele quer disseminar a todos ao redor: a de que o corpo precisa de movimento.
“Se eu não tivesse começado a pedalar nesses dez anos, talvez essa questão da diabetes estaria mais grave. Por isso eu digo que precisamos sair da acomodação… vai lá dá uma voltinha rápida e, gradativamente, o organismo vai se adaptando”, encoraja.
Além de estar presente no dia a dia, o pedal é indispensável nas viagens que ele faz com a esposa. Na opinião do lagunense, conhecer novos lugares a bordo de uma bicicleta faz toda a diferença. A sensação de desbravar caminhos sob duas rodas é um prazer que não pode ser traduzido em palavras.
“Teu pensamento voa junto. É uma coisa que não dá para explicar, como quando a gente gosta de alguém, não tem como racionalizar o sentimento. É gostar”, conclui.
A viagem que mudou uma vida
“Com a bicicleta você tem mais contato com o ambiente, escuta mais os sons, sente os aromas, aprecia mais os lugares. É muito mais gostoso.” É com essa descrição que a advogada Joyce Helena de Oliveira Scolari tenta explicar o que sente ao pedalar.
Desde criança ela andava de bicicleta pelas ruas da cidade onde morava, mas nunca imaginou que iria desbravar caminhos e cruzar fronteiras a bordo de uma bike. Ela se tornou praticante do cicloturismo e pedala em média 100 quilômetros por dia durante as viagens.
O hobby entrou na vida de Joyce por acaso, quando se preparava para fazer o Caminho de Santiago de Compostela.
A princípio a ideia era percorrer o trajeto ao modo tradicional, a pé, mas como o esposo dela sofria de dores na coluna e no tornozelo, o ortopedista da família orientou que escolhessem um meio de transporte de baixo impacto e que protegesse as articulações. Foi aí que a bicicleta entrou na história.
O primeiro passo do casal foi buscar o máximo de informação possível. Eles descobriram que precisavam encontrar o tamanho ideal da bicicleta, um banco confortável, além de ter um certo preparo físico para aguentarem o ritmo da aventura.
Depois, a tarefa era planejar cada detalhe da viagem, como quantos quilômetros pedalar por dia, o melhor local para comer e dormir, entre outros pontos.
Devidamente instruídos, os dois começaram a pedalar em alguns trechos de Florianópolis e, quando estavam familiarizados com o esporte, decidiram viajar. Eles fizeram o Caminho de Santiago e pedalaram, lado a lado, 827 quilômetros da França até a Espanha.
A viagem inspirada pela experiência de colegas de trabalho marcou a relação de Joyce com o pedal. Além da conotação espiritual, a peregrinação propôs um exercício de desapego.
“Eu reconheci que a gente pode estar bem com menos. Temos toda uma estrutura com carro, celular, dinheiro, conforto. Mas a experiência de viver de uma forma mais despojada sem a necessidade de tanta coisa foi encantadora”, afirma.
A primeira jornada em duas rodas motivou o casal a planejar novas viagens. A mais recente foi na Alemanha, dias que a advogada recorda com riqueza de detalhes. Foram 1.090 quilômetros divididos em 16 trechos de pedaladas durante 25 dias.
O passeio incluiu a Rota Romântica, que vai da cidade de Würzburg até Füssen, além da travessia dos Alpes pela via Claudia Augusta, trajetos famosos entre os praticantes de cicloturismo.
“É lindo passar por ali de bicicleta porque tem montanhas, rios, cachoeiras, lagos, alguns picos com neves. Estava entrando o verão e dava para sentir o perfume das flores enquanto pedalávamos nas ciclovias ao lado do rio ao som dos passarinhos cantando”, relata.
Seja durante um passeio ao ar livre, no trajeto para o trabalho ou como hobby, a verdade é que pedalar faz bem. Uma pesquisa publicada na revista científica Enviromental Health aponta que andar de bicicleta reduz estresse e sentimento de solidão. O estudo foi feito com 3.567 moradores de sete cidades europeias.
Mas além dos benefícios para a saúde mental, as pedaladas trazem inúmeros benefícios para o corpo dos adeptos, como a redução do colesterol, o emagrecimento e a melhora do condicionamento físico.
A dica dos advogados para quem se entusiasmou e quer começar uma atividade física é a mesma: buscar orientação profissional sobre a modalidade pretendida e começar aos poucos. O ideal é encontrar algo que dê prazer.
“Aquilo que você tem prazer você encontra tempo e arruma um jeitinho de praticar”, finaliza Joyce.