Motociclista há pouco tempo, a advogada da CAIXA, Suara Otto, garantiu espaço, no ambiente que, pelo menos por enquanto, é majoritariamente masculino
A Associação Nacional dos Advogados da Caixa Econômica Federal (Advocef) retoma o projeto Além do Direito com a história da advogada Suara Otto, de 40 anos, que há dois decidiu realizar o desejo de se tornar motociclista. Inspirada por colegas que já pilotavam, ela começou a se questionar se também seria capaz de passar numa prova para tirar a carteira e fazer viagens de moto.
O questionamento fez a advogada da Gerência Nacional do Contencioso da CAIXA (Geten) se matricular na autoescola e frequentar as aulas depois do trabalho na CAIXA. No início, o instrutor disse que se ela andava de bicicleta, pilotar uma moto seria fácil.
“Fácil não foi, mas concluí as aulas e fiz o teste. Passei, peguei minha carteira e comecei a andar de moto. Lembro que pegava motos dos meus amigos no início, o que foi muito bom para eu criar experiência principalmente na estrada”, recorda.
Ela conta que no grupo de amigos motociclistas era a única mulher, uma realidade que tende a mudar, de acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Segundo o ógão, o número de mulheres habilitadas na categoria A subiu de aproximadamente 4 milhões, em 2011, para mais de 7,5 milhões, em 2019, o que o que representa um aumento de 89% em oito anos.
Ocupar espaços considerados majoritariamente masculinos, como ainda é o caso do motociclismo, é um desafio gratificante para Suara, que sempre buscou se destacar nas atividades que decidiu realizar. Exemplo disso é o fato dela ter sido a primeira mulher a lutar judô em Porto Velho (RO). Campeã rondoniense, ela chegou à faixa roxa no esporte. Seja em duas rodas ou no tatame, ela se tornou fonte de inspiração para os filhos.
“Meus filhos me acompanham na moto, acham lindo a mãe pilotando e já falam em pilotar também. Andar de moto é buscar a liberdade e entrar num mundo meio masculino, mas eu gosto de desafios e, principalmente, de mostrar o que a mulher pode ser capaz”, afirma.
E para descobrir a capacidade de tornar um sonho real não tem idade, especialmente quando o assunto é pilotar. Segundo o Denatran, além do aumento no número de habilitadas nos últimos oito anos, grande parte das mulheres optaram pela categoria A aos 40 anos de idade. Em 2019, o departamento registrou 1.298.532 mulheres motociclistas com idades de 41 a 50 anos. Outra faixa etária que apresentou crescimento expressivo no total de motociclistas, entre 2011 e 2019, foi a de 51 a 60 anos, um salto de 146.273 para 485.379 habilitadas.
Duas rodas, vários destinos
Ao longo da trajetória como motociclista, uma das situações que mais marcou a advogada foi a primeira queda de moto. Ainda sem muita experiência, ela precisou fazer subir uma rampa e a moto caiu por cima da perna dela.
“Fiquei mancando por um tempo e com a perna toda roxa! Demorei uma semana para ter coragem de pegar a moto de novo e encarar subir a rampa outra vez. Consegui sem tombos e sem manchas roxas, mas principalmente sem desistir”, conta.
O episódio não diminuiu o amor da advogada pelo motociclismo. Atualmente morando em Brasília (DF), ela vai de moto para o trabalho e já se aventurou em viagens para cidades próximas da capital federal, ao lado do namorado, que tirou a carteira para andar com ela.
“Já viajei para a Chapada dos Veadeiros e Pirenópolis, ambas em Goiás. Os próximos passos são fazer um curso de mecânica e uma viagem de 2.000 quilômetros visitando o interior de Minas Gerais com meu namorado (cada um na sua moto). Para esse projeto já estou montando o roteiro, vendo vídeos de viagens e preparando meu espírito”, conta.