Amantes do esporte, os associados da Advocef sobrevoam longas distâncias com ajuda da temperatura do vento
Se você pudesse ter um superpoder, qual seria? Sem dúvidas, muitas pessoas gostariam de voar. O desejo de sentir a dinâmica entre o vento no rosto e a adrenalina a mil motivam os advogados da CAIXA, Vinícius Nogueira Cavalcanti e Leonardo Faustino Lima, ambos de 43 anos, a voar de parapente.
As histórias dos filiados da Associação Nacional dos Advogados da Caixa Econômica Federal (Advocef) têm em comum o amor pela sensação de liberdade, que só quem pratica o voo livre pode sentir.
O parapente proporciona um voo dinâmico, não motorizado, onde o piloto pode controlar a direção e a descida, além de voar por longos períodos. Nesta modalidade, a temperatura do vento funciona como um mecanismo para a realização de voos, que podem chegar à velocidade de 70km/h.
“Voar é sobrenatural, porque nós somos seres terrestres. É uma sensação de ter o domínio da natureza”, conta o sul-mato-grossense Vinícius Nogueira Cavalcanti.
O ímpeto esportivo cresceu com o advogado, que desde a adolescência andava de skate pelas ruas de Campo Grande (MS). Já o parapente chegou um pouco depois.
“Quando eu comecei ainda não era empregado da CAIXA. Tinha acabado de me formar em direito com 20 e poucos anos. Depois que me casei comecei a estudar para concurso, tive filhos e dei uma pausa que durou uns 13 anos”, relata o advogado do Jurir/CG.
Apaixonado pelo esporte, Cavalcanti retomou a atividade de voo em 2018 e aprecia a bela paisagem do Morro do Ernesto, onde fica a rampa em que costuma decolar. Durante a trajetória com a modalidade, ele participou de campeonatos e superou limites num voo que de 105 quilômetros entre as cidades mineiras de Araxá e Uberaba.
No parapente existem duas categorias de voo: o lifit, quando o vento bate numa montanha, por exemplo, e cria ondas de aerodinâmica que mantém o equipamento no ar; e o voo de térmicas, quando o sol esquenta o chão e cria “bolhas de ar quente” que, por serem menos densas, permitem que o equipamento suba e alcance longas distâncias.
Apesar de ser uma modalidade com risco físico, por causa da altura e da velocidade do voo, Cavalcanti acredita que o rótulo de esporte radical não combina com a prática. Na opinião dele, o título serve para a marginalização da atividade.
“Esse termo é responsável por criar vários estereótipos. Muita gente vê como um esporte de louco, de pessoas inconsequentes, e não é assim. Esporte de aventura é mais apropriado”, define.
Voar de parapente não é apenas se sentar na cadeirinha, chamada de selete, e esperar o vento inflar o velame. Além dos obrigatórios cursos para aprender as técnicas, a modalidade também ensina lições de atenção, disciplina, respeito à natureza que são praticadas no dia a dia dos pilotos.
Para o alto e avante!
A história do advogado Leonardo Faustino Lima com o esporte começou graças ao incentivo de um amigo, que o convidou para participar de um curso em 2013. O carioca, que atualmente compõe o quadro do Jurídico de Brasília, conta que se apaixonou pela modalidade e não parou de praticar até sofrer um acidente, oito meses após voar pela primeira vez.
Quando estava próximo de aterrissar, o parapente fechou e ele colidiu com o chão. O impacto resultou numa fratura e dois anos longe do esporte. Faustino atribui o fato a pouca experiência e afirma que não conseguiu pensar em nada no momento da queda.
“Todo esporte radical tem um risco, mas o número de incidentes que se tem com o parapente é muito pequeno perto da quantidade de voos que são feitos. Aquilo foi um evento isolado, uma imprudência minha de voar numa condição que não permitia,” explica ele, que mesmo sem poder praticar o esporte frequentava as rampas e assistia aos voos dos colegas.
O desejo de pilotar um parapente de novo era tanto que, mesmo contra a vontade da esposa, ele decidiu voltar e não parou mais. Atualmente, o esportista voa em regiões próximas de Brasília, como o Vale do Paranã, uma rampa com 500 metros de desnível, localizada em Formosa-GO.
Segundo ele, cada região do país é propícia para uma modalidade de voo com parapente. No Rio de Janeiro, onde aprendeu a pilotar o equipamento, as decolagens proporcionam voos contemplativos, por causa da paisagem à beira mar. Já as cidades próximas de Brasília permitem voos de longas distâncias.
Na localidade ele alcançou um recorde pessoal: sobrevoou uma distância de 50 quilômetros da rampa no Vale do Paranã, até a cidade de Água Fria de Goiás, em 2h40 de voo. Para alcançar o feito, um mix de ventos favoráveis, técnica, coragem e atenção dobrada.
“Quando eu estou voando não penso em mais nada, só observo tudo ao meu redor. Tenho que estar muito atento. O voo demanda muita concentração, não é apenas se sentar numa cadeira e sair voando. Tem muita técnica,” assinala.
O prazer de voar levou Faustino a uma das experiências mais felizes com o parapente, numa cidade chamada Aniche, na França.
“Foi o lugar mais incrível que eu já tive a oportunidade de sobrevoar, tanto pela beleza como pela estrutura. Lá você decola na rampa e pousa praticamente do lado do seu carro, tem opções de bares e restaurantes bem próximos, é sensacional”, garante.
A sensação de sobrevoar lindas paisagens não pode ser descrita em palavras, por isso, Faustino incentiva os colegas a deixar o medo de lado e praticar a modalidade.
“Não tem nenhuma restrição. Além disso, existem vários instrutores capacitados pelo Brasil que fazem voo duplo com muito controle e segurança. Vale a pena tentar”, diz.
Para voar de parapente acompanhado de um instrutor não é necessário ter nenhuma experiência. Porém, a pessoa deve ter a idade mínima de 16 anos, menores de 18 anos devem estar acompanhados do responsável legal. O valor de um voo duplo custa em média R$ 350, e pode variar de acordo com a região do país.