Um dos objetivos para a nova rodada do auxílio é reduzir as deficiências vistas no último ano: ou seja, casos de fraude, demora nos pagamentos e problemas no aplicativo utilizado para os pagamentos, o Caixa Tem
A CAIXA inicia, nesta terça-feira (6), os pagamentos do novo auxílio emergencial, operação que já foi feita pelo banco nas etapas anteriores. Apesar da expertise nesse tipo de ação, a distribuição do recurso de forma segura aos clientes, empregados e colaboradores ainda segue como um desafio, já que o Brasil vive o pior momento da crise sanitária causada pela pandemia de covid-19.
Desde o início do programa, o banco público é a única instituição responsável pelo pagamento do auxílio emergencial aos milhões de beneficiários. Para atender a demanda contou com o apoio da tecnologia, mas também teve de estender o funcionamento das agências aos sábados em meio ao corte de pessoal e afastamento de profissionais contaminados pelo coronavírus.
Em entrevista à Exame Invest, o presidente da CAIXA, Pedro Guimarães, disse que para 2021 um dos objetivos é reduzir as deficiências vistas no último ano: ou seja, casos de fraude, demora nos pagamentos e problemas no aplicativo utilizado para os pagamentos, o Caixa Tem.
Confira trechos da entrevista:
A Caixa é cobrada por geração de emprego. O banco cortou 20% dos funcionários nos últimos anos. Mas contratou 7.000 no ultimo trimestre. Qual a direção, afinal?
Na contramão de outros bancos, estamos abrindo agências e contratando. Em 2020, abrimos 76 agências em cidades com mais de 40 mil habitantes. Vimos que elas se pagavam. Não tínhamos agências em 55 dessas cidades. Dessas agências, 21 têm foco agrícola. É a primeira gestão do banco que faz isso em muito tempo.
Mas é necessário ter equilíbrio. Estamos diante de uma disrupção tecnológica. Há menor necessidade de profissionais que estão nas agências. Então estamos abrindo unidades em lugares mais intensos para a Caixa e avaliando se vale a pena termos tantas agências em grandes centros como o Rio e São Paulo, ainda mais em bairros de maior renda, nos quais benefícios sociais são menos relevantes.
Foram criadas 59 milhões de contas digitais no Caixa Tem. Quanto o banco teve de efetuar de melhorias tecnológicas e quanto ainda vai entregar de novidades?
Pretendemos continuar a desenvolver os aplicativos. Em dezembro de 2019, sem saber que haveria o auxílio emergencial, compramos seis mainframes (grande computador bancário com arquitetura antiga, mas alta performance) para substituir os nossos, que eram antigos. Para ter uma ideia, nossos competidores têm de 15 a 18 mainframes. Se não houvéssemos feito isso, não teríamos capacidade de pagar o auxilio. Hoje temos dez mainframes.
Somos um banco social. Estamos em todas as cidades, mas a maioria apenas via lotéricas. Se um cliente perde um cartão e precisa de outro na agência, talvez precise percorrer 20 quilômetros. Com o aplicativo Caixa Tem, ele não tem mais essa necessidade. É uma revolução. As contas são de graça, têm um beneficio social. Estamos muito avançados na operação de microcrédito que iremos oferecer para 10 milhões de clientes do aplicativo.
A carteira de crédito do banco, mesmo em um cenário desafiador, evoluiu 13,5% em um ano. O segmento de habitação foi responsável por 9,8%. Como o boom do mercado imobiliário ajudou a sustentar o resultado do banco?
A carteira de crédito da Caixa soma 800 bilhões de reais. Ninguém tem algo perto disso, porque operacionalizamos o FGTS e as loterias. Somos vários bancos em um só.
Em 2020, além de não termos vendido a nossa carteira imobiliária, originamos 196 bilhões em crédito. Foi um recorde. É o maior volume de crédito imobiliário da história do banco. Isso foi possível por meio de uma série de reduções em exigências, como a necessidade de visitas. Hoje analisamos imóveis pelo computador. Então, crescemos muito em empréstimos para construtoras, especialmente no SBPE, em que temos uma margem maior.
Também criamos mais produtos para pessoas físicas, indexados à inflação e à poupança. Passamos a cobrar uma variedade maior de taxas, que diminuem conforme o relacionamento mais próximo do cliente com o banco. Na prática, a Caixa não fazia isso. Antes, o cliente cancelava o cartão de crédito, que permitia que ele tivesse uma taxa menor no financiamento, e ficava por isso mesmo. Praticando de fato essa estratégia conseguimos reduzir as taxas cobradas.
A íntegra da entrevista está disponível no site da revista Exame Invest.