O pagamento do auxílio emergencial colocou nas mãos da instituição financeira 120 milhões de contas digitais, dos quais 33 milhões não tinham relacionamento bancário
O aplicativo Caixa Tem foi criado para viabilizar os pagamentos de benefícios sociais durante a pandemia e atende a população de baixa renda, público que se tornou alvo do interesse de bancos digitais e fintechs. Na terça-feira (20), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que pretende abrir o capital do banco digital nos próximos meses.
Entre outros pontos, por ser distribuidor de benefícios sociais a CAIXA tem uma vocação natural para atender o público de baixa. Neste ano, o pagamento do auxílio emergencial colocou nas mãos da instituição financeira 120 milhões de contas digitais, dos quais 33 milhões não tinham relacionamento bancário. É um contingente muito significativo, na avaliação da diretoria do banco. No fim do ano passado, o Instituto Locomotiva estimava em 45 milhões o número de brasileiros “desbancarizados”.
“Fizemos, em tempo recorde, o maior projeto de bancarização e criamos o maior banco digital do mundo”, afirma o presidente da CAIXA, Pedro Guimarães.
O desafio para a estatal é reter esse público e transformar os usuários do aplicativo em clientes. Para isso, o recém-criado banco digital começa a oferecer microsseguros, prepara o lançamento de uma operação de microcrédito e está ampliando as operações de pagamentos. Segundo Guimarães, o banco já vem fazendo testes com microcrédito. Serão empréstimos de até R$ 500, tendo como público-alvo cerca de 10 milhões de brasileiros. Como noticiou ontem o Valor, a expectativa é que o serviço atenda parte da população que deixará de receber o auxílio emergencial em janeiro.
Na disputa
Como aponta uma matéria do Valor Econômico, a Caixa, porém, não deve permanecer sozinha nesse mercado. Bancos digitais e fintechs também têm olhado para segmentos da população de baixa renda, um universo estimado em 150 milhões de pessoas. “Quero ser a primeira conta para concorrer com o Caixa Tem, oferecendo tudo o que o cliente pode fazer numa lotérica” afirma Roberto Marinho Filho, presidente da Conta Zap, que oferece serviços operados por meio do WhatsApp.
A fintech tem cerca de 850 mil clientes diretos e, agora, passou a firmar parcerias para expandir seu alcance. Já tem contratos com o clube de futebol Goiás e com a Oi – terá acesso a essa base mesmo com a venda fatiada da operadora de telefonia móvel, conforme os termos do contrato.
O potencial desse mercado também tem levado instituições com mais tempo de estrada a se reinventar. É o caso do Pan, cujo controle se divide entre BTG Pactual e Caixa. Tradicionalmente voltado ao crédito para as classes C, D e E, o banco lançou no início deste ano um aplicativo e uma conta, e agora se posiciona como uma solução completa para esse público. “O crédito continua sendo o DNA e é uma necessidade grande desse público, mas agora somos uma plataforma completa”, afirma Diogo Ciuffo, diretor de banco digital e meios de pagamento do Pan.
Confira a íntegra da matéria no site do Valor Econômico