Venda da Caixa Seguridade tem início previsto para 29 de abril; subsidiária é um braço rentável e estratégico do banco
Os bancários da CAIXA iniciaram, na segunda-feira (19), uma ampla campanha contra uma série de medidas de esvaziamento do banco público e a privatização da Caixa Seguridade, marcada para começar em 29 de abril.
A operação que chegou a ser avaliada em R$ 60 bilhões antes da crise causada pela pandemia vem perdendo valor no mercado e, atualmente, é estimada em R$ 36 bilhões. Esta é a terceira vez que a direção da CAIXA tenta vender a subsidiária de seguros. A última tentativa foi em setembro de 2020 e acabou suspensa devido à instabilidade do mercado.
Além do setor de seguros, outras áreas estratégicas do banco público estão na mira das vendas, como Cartões, Gestão de Recursos e Loterias, o que, para os bancários, configura a privatização disfarçada da CAIXA. Para acelerar o plano, no ano passado, o governo editou a Medida Provisória (MP 995), que abriu caminho para a privatização do banco público por meio da criação e venda de subsidiárias sem o aval do Congresso. Essa manobra é questionada no Supremo Tribunal Federal (STF) em Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs). Entre elas, uma ajuizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) contra a privatização fatiada também da Petrobras.
A campanha “Brasil Seguro é Caixa Pública”, coordenada em conjunto pela Contraf e pela Fenae, tem o objetivo de conscientizar sobre os graves prejuízos que as privatizações das subsidiárias da CAIXA vão causar ao banco e à população, em benefício apenas do mercado. A programação inclui plenárias dos sindicatos dos bancários nos estados entre os dias 19 e 21 e, ainda, uma assembleia marcada para o dia 22. No dia 26, as entidades realizam uma live sobre a privatização e descapitalização da Caixa Econômica.
Essa mobilização também destaca a posição dos bancários contra à pressão do governo para a devolução dos chamados Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCDs), recursos que o banco aporta em seu capital para a concessão de crédito e investimentos em setores estratégicos, como infraestrutura, saneamento e habitação.