Gerentes comentam aspectos que contribuiram para buscarem novas oportunidades no banco
Em mais uma matéria da nossa série sobre a participação das mulheres em cargos de chefia da CAIXA, a reportagem da Associação Nacional dos Advogados da Caixa Econômica Federal (Advocef) apresenta mais três histórias de competência e dedicação de profissionais da estatal.
A primeira delas conta um pouco da trajetória da gerente nacional na Gerência de Atendimento Jurídico (Geaju), Bruna Carneiro Tavares Groba, 38 anos. Empregada da CAIXA desde 2005, com um ano na empresa já atuava como substituta de gerente. Três anos depois foi convidada a assumir uma gerência executiva.
“Na época não existia Processo Seletivo Interno (PSI), por isso o convite. No mês seguinte que assumi a gerência eu estava grávida da minha primeira filha, o que foi um super desafio de conciliar a vida pessoal com a ascensão profissional, mas não tive grandes problemas para conciliar isso”, diz.
Bruna recorda que trabalhou até pouco tempo antes de dar à luz e que o período da licença-maternidade foi marcado por diversas mudanças na Matriz da CAIXA, bem como por eventos importantes – a exemplo da greve dos advogados. Ela conta que quando chegou o momento de voltar, não sabia nem se retornaria para o cargo.
O receio da advogada foi semelhante ao que muitas mães sentem quando retornam ao trabalho. De acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), quase metade das trabalhadoras da iniciativa privada que tiram licença-maternidade são demitidas até dois anos depois de terem o filho.
A maior parte das demissões se dá sem justa causa e por iniciativa do empregador. No entanto, os efeitos dependem, entre outros pontos, do grau de escolaridade: trabalhadoras com maior instrução apresentam queda de emprego de 35% 12 meses após o início da licença, enquanto a queda é de 51% para as mulheres com nível educacional mais baixo.
Na avaliação de Bruna, a licença-maternidade não traz prejuízos ao desempenho profissional, pois, em uma semana já é possível se habituar ao trabalho novamente.
“Muita coisa muda? Muda, mas você continua sendo uma profissional de qualidade, as pessoas continuam reconhecendo seu trabalho, em poucos dias você já tem todas as informações de que precisa para desempenhar suas atividades”, ressalta.
O tempo passou e, incentivada pelos colegas, Bruna achou que devia dar um novo passo na carreira. Foi então que se inscreveu no banco de sucessores para gerente nacional, quando a CAIXA começou a fazer o processo unificado.
“O banco de sucessores foi formado em janeiro e em março eu estava assumindo a Gerência Nacional na vice-presidência de pessoas. Foi muito bom, uma experiência muito rica”, comenta.
Para ela, a experiência de sair da área jurídica foi muito enriquecedora porque permitiu conhecer realidades diferentes. No cargo, Bruna contribuiu com uma negociação coletiva, que veio logo depois da Reforma Trabalhista, com aspectos jurídicos sensíveis para serem avaliados em mesa, além da negociação com os sindicatos.
“Eu entrei em março e em abril engravidei. De novo, me vi na mesma situação da primeira vez: assumi um grande desafio e tive, também, uma grande mudança na minha vida pessoal. Eu queria ter outro filho”, conta.
Como as negociações daquele ano seriam mais intensas, ela teve receio de como lidaria com a situação durante a gravidez. Porém, o que a fez insistir foi o recado que passaria para as gerentes executivas da época.
“Eu sempre tive muito esse discurso de que a gente consegue sim, que podemos conciliar as coisas, de que temos de passar para os nossos gestores as nossas limitações e, ainda assim, se sentir contribuindo para a empresa”, explica.
Mas, o reconhecimento do trabalho da gestora foi além e pouco tempo depois ela foi convidada pelo diretor jurídico da CAIXA, Gryecos Loureiro, a voltar para área jurídica do banco.
“Eu saí com sentimento de trabalho interrompido, como se eu tivesse muito a fazer, mas eu recebi a compreensão e o apoio de todos os colegas da equipe. O retorno para o jurídico foi o retorno para casa”, conta ela, que atualmente, é gerente nacional da Geaju.
“Temos que cultivar todos os dias a certeza de que somos ótimas mães, de que estamos fazendo um bom trabalho. A gente se cobra muito e não precisa ser assim, o principal desafio é dentro de nós”, conclui.
Dedicação sem fronteiras
A vida itinerante, entregue aos objetivos, é uma das características que pode definir a advogada Claudia Teles da Paixão Araújo, 42 anos. Empregada da CAIXA desde 2005, desempenhou uma função de chefia pela primeira vez em 2017, como coordenadora por prazo, para substituir colegas que tinham aderido ao Plano de Demissão Voluntária (PDV).
Com a experiência, ela descobriu que tinha o perfil para trabalhar no comando de equipes. Diante disso, não parou mais de buscar novas oportunidades. Recebeu então um convite para trabalhar na Matriz da CAIXA, em Brasília (DF), e passou sete meses na cidade.
Nesse período, a empresa abriu um Processo Seletivo Interno (PSI) para gerente e Claudia decidiu participar. Aprovada para ficar no banco de gestores, recebeu outro convite. Dessa vez para ser coordenadora efetiva no jurídico de Teresina (PI).
A advogada conta que o maior objetivo sempre foi vencer o desafio pessoal de se sentir capaz e valorizada. Com esse mesmo pensamento, decidiu priorizar o profissionalismo e se dispor a estar onde o banco precisasse dela.
“Se a CAIXA precisava de mim em Teresina, era para lá que eu deveria ir. Fiquei como coordenadora até fevereiro de 2020, com muito trabalho, muito esforço, mas foi recompensador. Eu queria que o jurídico se destacasse no cenário nacional e isso aconteceu. Foi o único do Brasil que atingiu todos os indicadores”, comenta.
Enquanto estava no Piauí, a CAIXA abriu um PSI para gerente executivo em Brasília. Amante da capital, Claudia viu, então, a oportunidade de voltar para a cidade.
“Fora da zona de conforto, a evolução dá saltos. É preciso sair para entender a nossa capacidade, é preciso se colocar à disposição, participar das seleções porque isso faz muito bem para o profissional”, diz.
Apesar de aprovada, o desejo de viver no Distrito Federal foi adiado. O compromisso de se doar ao banco falou mais alto e ela aceitou o convite para ser gerente do jurídico Aracaju, onde trabalha atualmente.
“Eu perguntei a mim mesma: o que a CAIXA precisa? Que eu vá para Aracaju. Aqui estou novamente. É um jurídico que eu já conheço, porém, em outro cenário, com redução de advogados. É um desafio maior ainda do que Teresina”, conta.
Em Aracajú, o que a favorece é a proximidade da família e dos amigos. Porém, a entrega ao prazer de trabalhar com o que ama faz com que ela esteja sempre pronta para quantos outros desafios vierem.
“O maior prêmio que recebi durante todo esse tempo foi conhecer pessoas e as realidades das unidades fora da minha zona de conforto. Despertar esse lado humano influenciou muito na minha forma de gestão, que é adequar os interesses da empresa com o bem estar da equipe”, afirma.
A maior barreira está na mente
Quando deixou Ipameri, no interior de Goiás, para estudar direito na capital do estado, Marta Faustino Porfirio Nobre, hoje com 52 anos, não podia imaginar o que a vida havia reservado para ela.
Após algum tempo trabalhando e estudando para se manter em Goiânia, o caminho dela se cruzou com a CAIXA pela primeira vez. A então estudante teve a oportunidade de ingressar na empresa por meio de um concurso para a vaga de escriturária.
“Era uma oportunidade ótima na época, eu trabalhei numa agência e me apaixonei pela CAIXA”, lembra.
Mais tarde, Marta se formou em direito, prestou concurso para atuar como advogada da estatal, passou em todas as etapas e tomou posse com outros nove colegas de profissão. Na época, o banco estava no meio da transição da jornada de trabalho de seis para oito horas diárias, o que motivou a empregada a buscar outras oportunidades dentro da empresa.
Na primeira delas, atuou como coordenadora e, pouco tempo depois, assumiu o primeiro cargo como gerente, no jurídico de São Luís (MA).
“Pouco antes de ir para lá eu descobri que estava grávida pela segunda vez. A minha filha se chama Luísa por causa da minha temporada como chefe no Maranhão”, conta.
Grávida, distante do esposo e da filha mais velha, assumiu a chefia. Embora a família se mudasse pouco tempo depois para o Maranhão, lidar com a ausência foi uma das situações mais difíceis segundo ela.
“Os nossos maiores desafios são emocionais. Não estão relacionados a tarefas, atividades ou ao aumento de responsabilidade. Isso tudo é fácil de solucionar. Por isso que gerir pessoas é mais difícil, elas são um bloco de emoção”, diz.
Depois de um ano no estado, ela recebeu um convite para ajudar na fundação de uma nova área jurídica da CAIXA, em Brasília (DF), “o embrião do que hoje é o setor de recursos”.
“Eu não poderia recusar esse desafio, que representava fundar uma área nova, começar algo novo. Sem contar que eu estava terminando o meu mestrado na Universidade Federal de Goiás”, lembra.
Na capital federal, a atuação rendeu aprendizados que ampliaram o olhar profissional dela. Porém, o destino a quis de volta, como gerente que abrange os estados de Goiás e de Tocantins. Para todas mulheres que pensam em tentar algo novo, mas sentem algum tipo de receio em arriscar, Marta Faustino deixa um conselho:
“É preciso ter muita fé, porque ela te faz enxergar algo que não aconteceu ainda. É preciso saber que, como o maior desafio é emocional, você tem que gerir suas próprias emoções e vencer a si mesmo. Nós podemos tudo que quisermos”, afirma.