Coluna Investimentos & Mercados – por Marco Aurélio Panadés Aranha
A Associação Nacional dos Advogados da Caixa Econômica Federal (Advocef) tem a honra de apresentar ao público o mais novo projeto da entidade em parceria com o associado Marco Aurélio Panadés Aranha: a coluna Investimentos & Mercados.
No espaço cedido pela associação, o advogado, que é investidor há mais de dez anos, falará sobre educação financeira para quem deseja investir em renda variável, além de responder as dúvidas dos leitores. Confira a publicação inicial:
Olá! Meu nome é Marco Aurélio, sou advogado da CAIXA e investidor há mais de dez anos do mercado de capitais. Essa coluna – a primeira de muitas, espero – objetiva ser um espaço de diálogo sobre educação financeira com foco nos investimentos em renda variável, discussão sobre os seus riscos e as suas vantagens, apresentação de algumas das ferramentas de análise dessa classe de ativo, desmistificação do mercado, sugestão de livros sobre investimentos e debate acerca dos fundamentos teóricos do mercado de ações. Tudo isso com números, gráficos, histórias de investidores de sucesso, pesquisas da área e outros assuntos que possam servir de apoio àqueles que já investiram e desistiram ou que nunca tenham pensado em investir na Bolsa de Valores.
Se no passado o mercado de capitais era um campo hermético e distante da grande maioria dos investidores, hoje ele tornou-se uma alternativa real de investimento diante das várias fontes de educação financeira disponíveis em plataformas digitais e redes sociais, além de uma taxa SELIC no nível histórico mais baixo das últimas décadas em um contexto de acesso facilitado a produtos financeiros a custos de transação bastante módicos (há Corretoras que sequer cobram taxas de corretagem e de manutenção de conta).
É fato que nem tudo são flores, não há dinheiro fácil no mercado. Mas sim, é possível afirmar que ações garantem o futuro no longo prazo! Pelo menos é o que revelou o passado. Jeremy Siegel, na obra “Investindo em Ações no Longo Prazo”, traz um gráfico que reflete os retornos históricos reais (isto é, já descontada a inflação) e anualizados nos Estados Unidos de diversas classes de ativos desde o ano de 1802, incluindo ações, títulos, letras, ouro e dólar. O gráfico[1] (abaixo) mostra claramente o desempenho histórico superior das ações nos Estados Unidos em comparação com os demais ativos:
Pode gerar alguma desconfiança o fato de o histórico acima refletir o desempenho apenas das ações nos Estados Unidos. Afinal de contas, trata-se da Economia que mais cresceu no mundo nos últimos dois séculos. Por isso o mesmo autor recolheu e compilou os dados de desempenho histórico de algumas classes de ativos em vários países ao redor do mundo, como demonstra o gráfico[2] (abaixo):
Novamente o resultado foi similar, no sentido de demonstrar o desempenho histórico superior das ações em vários países diferentes quando comparado com duas outras classes de ativos de renda fixa (títulos e letras), dados correspondentes ao período de 1900 até o ano de 2012.
No Brasil, não há registros muito antigos disponíveis. De qualquer forma, verifica-se pela plataforma de análise de dados Economática[3] que, comparando a valorização do Índice Bovespa (principal índice da B3, a Bolsa de Valores brasileira), da Poupança e do Dólar, o Índice Bovespa de 1967 a 2017 mostrou-se a melhor opção de investimento no período, com rentabilidade média anual de 6,88% contra 0,99% da poupança e -4,23% do dólar. No mesmo intervalo de tempo, a valorização do Índice Bovespa em dólares foi de 22.638% ou 11,74% em média por ano, enquanto a do Índice Dow Jones, um dos principais índices de ações do mercado de capitais americano, valorizou 2.637% ou 6,85% em média por ano.
Se fizermos um recorte comparativo mais recente entre o Índice Bovespa e o CDI desde 1994 (início do Plano Real), por sua vez, constatar-se-á que o CDI (5.735,41%)[4] superou em muito o principal índice do mercado acionário brasileiro (Ibov ≈ 3.300%)[5]. Todavia, o contexto econômico atual é muito diferente do passado e não há sinais de que a taxa SELIC e o CDI repitam os níveis elevados de outrora, obrigando o investidor (pessoa natural) a buscar alternativas de investimento na renda variável.
Pensando em rentabilidade atual, a título exemplificativo, é possível achar empresas sólidas de capital aberto na B3 com lucros históricos crescentes e consistência de resultados que pagam entre 4% e 6% ao ano só de proventos (sem considerar o potencial de valorização da cotação), enquanto o CDI possui uma rentabilidade pouco inferior à taxa SELIC, hoje em 2% ao ano.
Conversaremos sobre os riscos do mercado mais à frente, lembrando sempre que não há dinheiro fácil no mercado de ações e rentabilidade passada não garante rentabilidade futura. Mas com estudo, foco no longo prazo e uma estratégia de investimentos consistente é possível colher bons frutos e uma diversificação de fonte de renda na aposentadoria (ou, quem sabe, antes mesmo de ela chegar).
Dúvidas ou sugestões, escreva para o e-mail conlunainvestimentosemercados@advocef.org.br. Esse é um espaço inaugurado para a participação de todos e sua colaboração é fundamental! Invista no seu futuro aprendendo a investir.
[1] SIEGEL, Jeremy J. Investindo em Ações no Longo Prazo: o guia indispensável do investidor do mercado financeiro. Trad. Beth Honorato. Rev. Téc. Guilherme Ribeiro de Macêdo. 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2015, p. 82.
[2] SIEGEL, Jeremy J. Investindo em Ações no Longo Prazo: o guia indispensável do investidor do mercado financeiro. Trad. Beth Honorato. Rev. Téc. Guilherme Ribeiro de Macêdo. 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2015, p. 89.
[3] Disponível em https://insight.economatica.com/desempenho-do-ibovespa-50-anos-de-historia/. Acesso em: 04/01/2021.
[4] Disponível em https://www.debit.com.br/tabelas/indicadores-economicos.php. Acesso em: 04/01/2021.
[5] Disponível em https://www.infomoney.com.br/cotacoes/ibovespa/historico/. Acesso em: 04/01/2021.
Marco Aurélio Panadés Aranha
Investidor há mais de 10 anos do mercado de capitais
Formado em Administração pela FGV e Direito pela USP
Advogado
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
SIEGEL, Jeremy J. Investindo em Ações no Longo Prazo: o guia indispensável do investidor do mercado financeiro. Trad. Beth Honorato. Rev. Téc. Guilherme Ribeiro de Macêdo. 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
Desempenho do Ibovespa: 50 anos de história. Site Economática, 2021. Disponível em https://insight.economatica.com/desempenho-do-ibovespa-50-anos-de-historia/. Acesso em: 04/01/2021.
IBOVESPA (IBOV). Site Infomoney, 2021. Disponível em https://www.infomoney.com.br/cotacoes/ibovespa/historico/. Acesso em: 04/01/2021.
Tabelas. Site Debit, 2021. Disponível em https://www.debit.com.br/tabelas/indicadores-economicos.php. Acesso em: 04/01/2021.