A vida é feita de ciclos: há o ciclo biológico (que se inicia pelo nascimento, avança com o crescimento e o desenvolvimento até a morte), do dia/noite, das estações do ano, de rotação/translação do planeta terra, de formação educacional etc. Enfim, nossa existência natural e social é regida por etapas sequenciais de começo, meio e fim.
Pois bem.
A vida financeira também pode ser interpretada como um ciclo, ou seja, uma sucessão “evolutiva” de fases.
É útil trazer a lume o fato de que há um ciclo da vida financeira (composto por 3 momentos distintos) relacionado com as atividades obstinadas de poupança e investimento rumo à independência financeira.
O primeiro estágio é a fase de acumulação em que o poupador-investidor empreende esforços para, ao longo dos anos, economizar o dinheiro auferido com o trabalho remunerado, investir da melhor forma possível e reinvestir (isso é muito importante) tudo aquilo que se obtiver de rentabilidade, ou seja, não sacar nada.
Um segundo momento é a fase de usufruto em que o poupador-investidor já atingiu a independência financeira (futuramente escreveremos um artigo específico para tratar desse conceito) e, portanto, pode iniciar saques periódicos que suprirão as despesas próprias.
E, finalmente, o terceiro e último é a fase de sucessão por meio da qual o poupador-investidor planeja a sua sucessão patrimonial, etapa em que a transferência do patrimônio existente é desenhada, o que pode ser pensado para ocorrer ainda em vida (total ou parcialmente) ou após a morte (total ou parcialmente).
Não há uma regra de quanto tempo deve durar cada uma dessas fases do ciclo financeiro porque cada pessoa economizará e investirá um percentual diferente da própria renda e terá um “número” diferente em mente sobre a renda ideal de “aposentadoria” para considerar ter chegado à independência financeira. Dependerá também da idade em que foi iniciada a fase de acumulação e a habilidade em obter-se bons resultados dos investimentos.
De modo geral, estudos indicam que economizar pelo menos 30% da própria renda mensal e obter uma rentabilidade financeira real média de 15% ao ano (durante todo o período de investimento) permite alcançar a independência financeira entre 12 e 15 anos, em média, após iniciada a fase de acumulação objetivando o usufruto de uma renda recorrente equivalente à recebida no período laboral ativo.
Exemplo prático: imagine um sujeito que ganhe um salário mensal de R$ 10.000,00 (líquido), economize e invista R$ 3.000,00 todos os meses e obtenha 15% de rentabilidade real média ao ano em seus investimentos. Ao fim de 15 anos, ele obterá um patrimônio de R$ 1.827.703,43, que, aplicado a uma taxa mais conservadora de 10% real ao ano, permitirá a ele usufruir de uma renda de R$ 182.770,34 ao ano ou o equivalente a R$ 15.230,86 ao mês; nesse contexto, ele poderá sacar 2/3 deste valor e reinvestir 1/3 para se proteger da inflação futura. Cálculos efetuados na HP 12C.
Alguém pode contestar o exemplo dizendo que 15% de rentabilidade real média ao ano nos investimentos seria muito… Talvez para quem ainda tenha pouca (ou nenhuma) experiência em ativos de maior risco (e maior potencial de rentabilidade) pode parecer um percentual alto, mas é um número viável para quem desenvolve uma mentalidade correta de investimento e adota uma metodologia adequada (ao investir) mirando o longo prazo. E, de qualquer forma, uma performance de menor rentabilidade pode ser facilmente compensada com um pouco mais de tempo de investimento.
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Marco Aurélio Panadés Aranha
Investidor há mais de 10 anos do mercado de capitais
Formado em Administração pela FGV e Direito pela USP
@marcoaurelioparanha (Instagram)
Advogado