Para a maioria das pessoas, investir parece uma tarefa árdua, complicada e que demanda conhecimentos muito profundos e específicos. Não há como dizer que seja a atividade mais simples do mundo, mas de longe não é a das mais complexas; tudo depende da dedicação do investidor ao tema.
Sem um mínimo estudo, alguém poderá chegar aos 40 (quarenta) anos sem saber resolver uma operação simples de matemática, como 3 + 5 x 7, em virtude da ausência de conhecimento de base, mesmo depois de ter passado toda a infância e adolescência aprendendo a matéria.
A ideia dessa Coluna é promover educação financeira com conhecimento de base que poderá auxiliar o investidor em qualquer situação.
Essa premissa ilustra a escolha do tema deste artigo.
Segundo a teoria das finanças, a análise de qualquer tipo de investimento contempla 3 (três) aspectos: liquidez, risco e rentabilidade. Isso se aplica à renda fixa e à variável, a fundos de investimentos, a títulos públicos e privados, a ações e a fundos imobiliários, a investimentos em private equity, COE, poupança… como dito, a toda espécie de investimento.
Liquidez, risco e rentabilidade compõem o tripé a partir do qual o investidor deve analisar os ativos de interesse antes de aplicar o seu dinheiro.
E os conceitos são muito simples.
LIQUIDEZ: é o termo que se utiliza para indicar a facilidade e rapidez com que determinado ativo pode ser transformado em dinheiro, por meio da venda (bens móveis ou imóveis) ou do resgate (aplicações financeiras). Quanto maior a liquidez, mais célere e simples será essa conversão. Quanto menor a liquidez, mais difícil e demorada.
Exemplos de diferentes graus de liquidez: o ativo mais líquido que existe é o próprio dinheiro, motivo pelo qual aplicações financeiras são mais líquidas do que investimentos em imóveis. Um violino Stradivarius tende a ser mais líquido do que uma moto, que tende a ser mais líquida do que um automóvel.
A liquidez de um investimento está relacionada com as características do bem em si e também com o seu valor/preço, sua localização, seu estado de conservação, sua origem, sua marca etc. São múltiplos os fatores que definem a liquidez de um bem.
RISCO: existem várias espécies de risco e nem todas se aplicam a qualquer ativo. Há o risco de crédito, o risco de mercado, o risco de volatilidade, o risco de perda do capital, o risco cambial, entre outros. O importante é saber que NÃO EXISTE INVESTIMENTO SEM RISCO. Se alguém tentar te “vender” essa ideia, ignore. O que há são investimentos com diferentes tipos de risco e, entre os riscos presentes, podem haver variados graus de exposição.
Quem investe em ações da empresa X, por exemplo, não possui risco de crédito nesse investimento porque se tornou “dono” do negócio e não credor; a situação é diversa de quem compra debêntures da mesma empresa X, hipótese em que o investidor assume o risco de crédito. E entre debenturistas da empresa X e da empresa Y, o risco de crédito será maior ou menor a depender do nível de alavancagem (endividamento) assumido pela empresa. Enfim, cada caso é um caso e o risco do investimento deve ser avaliado com atenção para se identificar os riscos envolvidos e seus graus distintos.
RENTABILIDADE: é o parâmetro que mede o retorno do investimento em si ao longo do tempo. A rentabilidade é uma métrica de fluxo, não de estoque. Por isso ela é medida em determinado intervalo de tempo.
Saber isso é fundamental para compreender o horizonte de rentabilidade do ativo no qual se pretende aplicar. Há ativos que possuem uma rentabilidade esperada imediata, como a poupança ou determinado fundo de renda fixa pós-fixada. Já outros possuem uma perspectividade de rentabilidade de médio ou longo prazo, como sói ocorrer nos ativos de renda variável.
O importante é conhecer o ativo no qual se objetiva investir para adequar a rentabilidade esperada com o intervalo de tempo de maturação do ativo.
A mensagem que gostaria de deixar neste artigo é a de que você, investidor, é o protagonista das suas escolhas… não o seu gerente do Banco e tampouco o seu assessor financeiro. O dinheiro é seu… mas os frutos e os dissabores das suas escolhas também. Assuma a responsabilidade pelos seus investimentos, estude minimamente o tema, reflita sobre onde faz sentido aplicar o seu patrimônio e por quanto tempo. Ninguém melhor do que você para saber a dor e a delícia das suas decisões financeiras.
Bons investimentos!!!
Dúvidas ou sugestões, escreva para o e-mail colunainvestimentosemercados@advocef.org.br. Esse é um espaço aberto a todos e sua colaboração é fundamental! Invista no seu futuro aprendendo a investir.
Marco Aurélio Panadés Aranha
Investidor há mais de 10 anos do mercado de capitais
Formado em Administração pela FGV e Direito pela USP
@marcoaurelioparanha (Instagram)
Advogado