Em entrevista à VEJA, o presidente do banco, Pedro Guimarães, falou sobre o Programa lançado pelo banco público como uma medida de socorro para evitar a falência de micro e pequenos empresários atingidos pelos efeitos da pandemia. Ele também citou a parceria com o Sebrae que emprestou R$ 1,7 bilhão para cerca de 21 mil empresas
Em entrevista à VEJA, o presidente da CAIXA, Pedro Guimarães, explicou como o banco atua para oferecer medidas de socorro aos micro e pequenos empreendedores. Em junho, a instituição financeira lançou o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), com o objetivo de mitigar danos causados pela pandemia de coronavírus e evitar a falência desses negócios. De acordo com a CAIXA, desde 16 de junho, mais de 16 mil empresas de micro e pequeno porte já tiveram acesso a 1 bilhão de reais pelo programa.
“Chegaremos a 2 bilhões de reais emprestados na próxima semana e, neste momento, estamos analisando mais de 100.000 contratos”, disse Guimarães.
A entrevista também destacou a atuação da CAIXA em apoio às políticas sociais, como o pagamento do auxílio emergencial e as melhorias operacionais que o banco tem adotado para desenvolver métodos para facilitar, por exemplo, a solicitação de crédito via internet. Confira trechos do conteúdo da VEJA a seguir:
Muitos micro e pequenos empreendedores reclamam, desde o início de abril, que não têm conseguido acessar linhas de crédito, o que tem ocasionado em falências. Com o Pronampe, o crédito, enfim, irá chegar?
Nós temos 11,6 bilhões de reais contratados entregues para as micro e pequenas empresas desde março, quando a pandemia começou aqui no Brasil. Cerca de 16.000 empresários já receberam pelo Pronampe. Temos mais de 1 bilhão de reais emprestados pelo Pronampe e chegaremos a 2 bilhões de reais já na próxima semana. Neste momento, estamos analisando mais de 100.000 contratos, com o potencial de liberarmos mais de 5 bilhões de reais — obviamente nem todas serão aprovadas. Boa parte do que já foi liberado, 70% dessas empresas, não faziam parte da nossa carteira de clientes. Eram clientes de outros bancos ou desbancarizados. A demora se deu porque só poderíamos começar a trabalhar com essa linha de crédito a partir do momento de aprovação do governo. Agora, nós temos uma garantia de 85% pelo Fundo Garantidor de Operações (FGO) que é importante para conseguirmos emprestar mais e de forma mais ágil para empresas e instituições. Além disso, já emprestamos 1,7 bilhão de reais numa outra operação que fizemos em parceria com o Sebrae para cerca de 21.000 empresas. Já em relação ao crédito para folha de pagamento, nós, realmente, emprestamos menos, pouco mais de 300 milhões de reais. Mas entendemos que esses números melhorarão agora.
Como o banco trabalha para diminuir a fricção que existe no processo de acesso ao crédito?
Nós temos melhorias operacionais. Começamos com a desenvolver métodos por onde as pessoas poderão solicitar o crédito via internet. Vamos ter o lançamento de um aplicativo, semelhante ao do auxílio emergencial. Ou seja, vamos acelerar ainda mais uma análise que hoje já é muito rápida. A expectativa que nós temos é de emprestarmos mais de 10 bilhões de reais às micro e pequenas empresas. É importante ressaltar o nosso apoio às políticas sociais. Estamos pagando 122 milhões de brasileiros. Oito entre cada 10 adultos estão recebendo o benefício do governo via Caixa.
Olhando para os diversos segmentos de atuação, quais seriam prioritários para a atuação do banco?
O foco da Caixa é habitação, um segmento que passou quase que incólume à crise. Nós financiamos fortemente esse segmento. Estamos apoiando operações de saneamento, financiando estados e municípios. Também estamos com taxas de juros competitivas no crédito imobiliário, consignado e no crédito agrícola. Ainda estamos pequenos no crédito agrícola, com uma carteira de 4 bilhões de reais. Vamos crescer isso com foco e com calma.
Num momento de incertezas elevadas, como estamos vivendo, não adianta conceder o crédito, mas é necessário dar um longo prazo de carência para que o tomador do empréstimo consiga pagar ao banco. Nós entendemos que a carência é importante, sim. O Pronampe já oferece oito meses, com uma taxa muito baixa. Estamos oferecendo carência de seis meses no crédito imobiliário tanto para as empresas que estão iniciando novos projetos como para os contratantes. Isso se mostrou uma estratégia acertada, que ajudou a manter 1,5 milhão de empregos no mercado imobiliário. É um mercado que, se for desaquecido, a retomada se torna muito mais complexa.
Por falar no mercado imobiliário, como tem sido o impacto da campanha “Vem Morar”, lançada pela Caixa em parceria com a Abrainc e a CBIC?
Batemos o recorde de originação de crédito imobiliário nos últimos meses. Como nós demos seis meses de carência tanto para o construtor como para quem está comprando o apartamento, o resultado disso foi um valor nunca visto antes em crédito imobiliário. Junho foi o mês recorde de crédito imobiliário SBPE, que é onde nós temos todo o controle do funding, da operação. Não só reduzimos as taxas como lançamos uma série de melhorias operacionais da Caixa para esses produtos e demos carência para clientes e empresas. O segmento habitacional foi o nosso foco para que tivéssemos o mínimo de impacto possível, até porque é um segmento que envolve a casa própria, que é o bem material mais importante de qualquer família.
Acesse a entrevista da VEJA na íntegra aqui