Resultado somado de quatro grandes instituições financeiras deve mostrar alta de 19% ante o trimestre anterior
Os balanços dos bancos do terceiro trimestre devem mostrar recuperação e ser um importante catalisador para as ações do setor, que estão bastante descontadas em relação ao Ibovespa. É o que aponta uma reportagem do Valor Econômico, publicada na quarta-feira (21).
De acordo com a matéria, a estimativa é de crescimento dos lucros em relação ao segundo trimestre, com a queda nas provisões para devedores duvidosos, enquanto a margem financeira e especialmente as receitas de tarifas podem mostrar alguma reação, em meio à reabertura da economia após o período mais crítico da pandemia de coronavírus. E, como boa parte dos contratos de empréstimos que foram prorrogados está começando a vencer agora, por ora a inadimplência também deve permanecer bastante comportada.
A média das estimativas de nove instituições financeiras ouvidas pelo Valor mostra que Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil devem apresentar lucro consolidado de R$ 16,110 bilhões, uma alta de 19,1% em relação ao trimestre anterior. Na comparação anual, esse resultado ainda representaria uma queda de 26,6%, mas menor do que os 36,5% registrados no segundo trimestre.
Na comparação anual, o lucro somado dos quatro maiores bancos ainda deve mostrar queda de 26,6%. “O menor custo de risco e a melhora nas receitas de tarifas devem ser os principais motores dos lucros dos bancos e da expansão do ROE [retorno sobre o patrimônio]”, dizem os analistas do UBS. Já o Safra aponta que a recuperação da economia deve se traduzir em aceleração do volume de crédito para os segmentos de pessoas físicas e pequenas empresas. O movimento também deve impulsionar algumas receitas, como de serviços com cartões de crédito e banco de investimento. Este último segmento deve ser beneficiado ainda com o boom de ofertas de ações e operações de fusões e aquisições este ano.
Os analistas do BTG acreditam que as provisões mais baixas, na comparação trimestral, devem impulsionar o ROE dos bancos no terceiro trimestre, mas alertam que o cenário ainda é incerto à frente. “Ainda é muito cedo para ter uma boa leitura sobre a qualidade da carteira de crédito, dados todos os períodos de renegociação e carência, mas o feedback geral parece ser melhor do que o que esperávamos alguns meses atrás”, destacam. Segundo eles, a expectativa é que a inadimplência atinja o pico no primeiro semestre de 2021 e que seja menor do que o visto na crise anterior, o que é definitivamente um bom sinal.
Em termos de crédito, enquanto no primeiro semestre a expansão das carteiras foi puxada pelas grandes empresas, tomando linhas de prazo mais curto para se preparar para a pandemia, agora deve haver uma inversão, com pessoa física e micro e pequena empresa acelerando. Apesar de essas categorias terem spreads maiores, o que tenderia a ajudar a margem financeira, os destaques devem ser os programas do governo, como o Pronampe, e linhas com taxas mais baixas, como o consignado e mesmo o crédito imobiliário. Assim, as margens dos bancos devem seguir pressionadas, segundo destaca o Goldman Sachs em relatório, em função de juros baixos e um mix mais fraco de empréstimos.
Enquanto Itaú e Bradesco reforçaram suas provisões já no primeiro trimestre, o Santander fez o grosso das provisões adicionais no segundo trimestre e agora deve mostrar o maior avanço do lucro na margem, com alta de 35,8%. Para o UBS, a receita de tarifas do banco deve melhorar em todas as linhas, mas a margem financeira continuará pressionada, especialmente com uma normalização dos resultados de tesouraria após os ganhos extraordinariamente elevados do segundo trimestre.
No caso do Bradesco, o segmento de pessoas físicas e pequenas e médias empresas também deve ter um desempenho melhor do que o crédito para grandes companhias. “Seguros deve seguir com melhora em sinistralidade, mas em menor magnitude do que nos últimos trimestres. A redução de custos deve ser destaque positivo mais uma vez. O banco deve fechar mais de 400 agências este ano e o terceiro trimestre deve deixar bem claro que em 2021 haverá queda nominal de gastos”, dizem os analistas do BTG.
Mesmo com a expectativa de que o pior da crise do coronavírus já tenha ficado para trás, por enquanto ainda não se espera que os bancos voltem a falar de aumento nos dividendos. O BC limitou o pagamento ao mínimo legal de 25% do lucro até o fim deste ano. Entre os analistas, a percepção é que, mantido o cenário atual, os dividendos poderiam voltar a aumentar no próximo ano, mas existe uma cautela em função da possibilidade de uma segunda onda de casos de covid-19.”
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